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Taketo Okuda

  Taketo Okuda, foi o Fundador da academia de karatê Butoku-kan e um dos melhores karatecas do mundo, é o maior guardião da tradição dessa milenar arte marcial no Brasil. Discípulo de Masatoshi Nakayama (que por sua vez foi aluno de Gichin Funakoshi), Okuda é um fervoroso defensor dos aspectos espirituais desse tipo de arte marcial, que muitas vezes é percebida (e praticada) apenas como uma técnica de luta e não como um processo de evolução do espírito do praticante.

Gichin Funakoshi - fundador do Karatê Shotokan

Gichin Funakoshi - fundador do Karatê Shotokan

Sensei Masatoshi Nakayama e Sensei Taketo Okuda

Sensei Masatoshi Nakayama e Sensei Taketo Okuda

  A filosofia zen de karatê ensinada pelo mestre Taketo Okuda, ex-professor de várias universidades do Japão, leva em conta que a luta, a competição, e o desejo de derrotar outra pessoa são detalhes que acabam desviando a atenção da finalidade principal do treinamento diário: a eterna batalha do ser humano consigo mesmo e a descoberta de um espírito vigoroso, próximo do sublime.

Sensei Taketo Okuda em campeonato

Sensei Taketo Okuda em campeonato

  "A filosofia do karatê é verdadeira e profunda. Karatê não é só vencer ou perder uma luta. Vista por este ângulo a prática se torna fútil e vazia", explica mestre Okuda. "Nós temos como finalidade o invisível, aquilo que não tem limite de tempo, de espaço", completa. Aos poucos os alunos de sua academia vão se dando conta do que isso significa no dia-a-dia: além de sequências de ataque e defesa e das inúmeras repetições feitas em aula, aprende-se boas maneiras, sinceridade e coragem, ensinamentos que dificilmente serão encontradas em outros tipos de treinamentos.

  No Japão, a vida de mestre Okuda está ligada à prática das artes marciais desde a infância. Aos 5 anos, por influência do pai, começou a praticar kendô (ou "o caminho da espada") quase todos os dias, sempre às 6 horas da manhã.

  Essa rotina se manteve até os seus 9 anos de idade, quando começou a treinar judô com uma turma de atletas mais velhos que estudavam numa faculdade próxima. Aos 13, com a ajuda de um amigo que já praticava karatê, descobriu a arte que o influenciaria e o acompanharia pelo resto de sua vida. "Naquela época enxerguei o karatê com olhos curiosos, porque vi que o treino de kata parecia uma dança. Na minha cabeça, nem o judô nem o kendô ofereciam algo parecido, tão completo, e ainda por cima parecido com dança", conta.

  Quando se mudou para Tóquio com a finalidade de continuar os estudos, mestre Okuda filiou-se a uma academia ligada à Japan Karate Association (JKA) e rapidamente ascendeu na hierarquia, conquistando sua faixa-preta aos 19 anos de idade. Ao completar 22 anos, Okuda recebeu de mestre Nakayama o convite que mudaria sua vida: tornar-se profissional do karatê e, a partir daí, consagrar-se como um dos melhores professores que a JKA já formou em sua rigorosa escola.

Sensei Taketo Okuda treinando

Sensei Taketo Okuda treinando

Rumo ao Brasil

  Cumprindo a política de difundir a arte do karatê pelo mundo, mestre Nakayama fez planos para um dos seus melhores alunos. "Ele me disse que eu deveria ir para a Austrália", conta Okuda. "Mas já nessa época eu tinha o Brasil como objetivo; era um destino que estava no meu imaginário havia anos".

Sensei Taketo Okuda em sua primeira Academia no Ipiranga

Sensei Taketo Okuda em sua primeira Academia no Ipiranga

  E o sonho acabou se cumprindo quando, no inicio da década de 70, mestre Okuda montou a primeira sede da academia, na Rua Vergueiro. De lá para cá, o karatê da Butoku-kan, cada vez mais puro e próximo daquele dos antepassados, evoluiu juntamente com a filosofia de mestre Okuda, que foi ganhando formas mais sofisticadas, abrindo uma fonte potencial de força interior em todos os seus alunos. "Por que nasceu esse karatê? Qual seria a origem? Essa é uma procura infinita", filosofa sensei Okuda. "É por isso que treino diariamente. É por causa dessa busca infinita pela perfeição.

  Meu desafio é um dia mostrar qual é a verdade do karatê. É meu trabalho, minha missão", complementa.

 

Ricardo Lombardi (Jornalista e aluno)

Cinzas ao mar

  Após uma longa jornada de treinos, onde o recuar nunca foi uma opção, o Mestre Taketo Okuda adoeceu no final do ano de 2020. “No começo ele não aceitava visitas. Falava ‘não, samurai não pode demonstrar fraqueza’”, diz Seiji Kaduoka. O atual encarregado da Butoku-kan.

  Depois de dois anos complicados de batalha, não teve jeito sensei Okuda não resistiu e veio a falecer no dia 31 de Janeiro de 2022.

  A pedido do Mestre suas cinzas foram jogadas ao mar em uma praia paulistana chamada Juquehy, Okuda pediu para que fosse jogado próximo a uma pedra onde as cinzas de seu filho Tetsuo foi libertado.

Reportagem pela Veja São Paulo - Morre o Samurai

Sensei Taketo Okuda  e Sensei Tetsuo Okuda (filho)

Sensei Taketo Okuda  e Sensei Tetsuo Okuda (filho)

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